8 de fevereiro de 2010

Não sou (só) eu quem me navega

No último sábado (re)descobri a Rapsódia Húngara nº6 de Liszt. Adepto do air piano que sou (além de air cello, air conducting e air violin), passei o final de semana inteiro tocando a última parte da peça em (quase) todas as superfícies que encontrei; desnecessário dizer que meu braço ficou doendo e que me olharam torto no cinema.

Pensando em como nunca foi registrada a queda dos braços dos pianistas que tocam essa rapsódia, conversei com a minha professora de piano hoje sobre como evitar a dor e as lesões que podem vir de tocar essas peças insanas complicadas. No caso de escalas de oitavas, há algumas técnicas: levantar o pulso de tantas em tantas notas (para tensionar menos a musculatura), treinar a sequência em velocidades variadas, começando lá embaixo no metrônomo, entre outras tantas estratégias. Todas elas, no entanto, requerem uma dose de, digamos, supervisão.

Apesar de vivermos nos tempos de faculdade semi-presencial (sic), tutoriais e apostilas on-line, a cultura do "faça você mesmo" não tem lugar no ensino da música. Claro que ver os outros fazendo é uma ótima maneira de aperfeiçoar seu próprio desempenho, mas, como tudo na vida, com moderação. Aplicativos de Iphone, cursos em vídeo (ou mesmo em livros) ou tutoriais não servem para ensinar tudo. Música, assim como qualquer outra arte, é um mar complicado. Não dá para sair nadando sem farol ou navegando sem timoneiro. Caso contrário, o risco é de ficar flutuando a esmo, sem bóia, sem sair do lugar e com uma bela lesão para mostrar para os netos.

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