Socorro, ninguém Myanmar!
As desventuras de um incompreendido general à frente de uma polêmica junta militar
O generalíssimo Than Shwe, em trajes oficiais birmaneses.
“Neither snow, nor rain, nor heat, nor gloom of night stays these couriers from the swift completion of their appointed rounds”. É sob a bandeira deste romântico juramento que milhares de carteiros fazem seu trabalho todos os dias. Sujeitos às mais variadas intempéries, eles são responsáveis pela entrega dos milhões de objetos que trafegam diariamente em suas bolsas, fazendo dos correios uma das maiores e mais importantes instituições da atualidade.
Foi ainda sob esse célebre juramento, porém, que um jovem natural de Mandalay, em 1953, abandonou esta respeitável instituição para se juntar a outra que, em 1997, o levaria ao comando do Conselho de Estado para a Paz e o Desenvolvimento, o atual governo do polêmico Myanmar.
O General Than Shwe, de 74 anos, esta à frente de uma junta militar - que sustenta um governo ditatorial no país – e do Tatmadaw, as Forças Armadas Birmanesas. A junta – conhecida por CEPD – é formada por outros dez membros, também oficiais do Tatmadaw.
A junta em si é um caso a parte e tem dado o que falar desde que, no último mês, reprimiu os protestos de monges e civis birmaneses, chegando a ordenar as tropas a abrir fogo contra protestantes.
Em 1962 um golpe militar levou ao poder em Myanmar (naquele tempo, Birmânia) o General Ne Win, que, até 1988 governava o país ditatorial e tranqüilamente. Em agosto daquele ano, mais propriamente no dia 8/8/88, o General, ávido por numerologia, cedendo às pressões populares e numéricas renunciou ao comando do país.
Em 1990 a junta, renomeando-se Conselho de Estado para a Restauração da Lei e da Ordem, realizou eleições parlamentares para se confirmar à frente do pais, eleições essas que levaram a uma esmagadora vitória da oposição. Ignorando descaradamente o resultado, a junta colocou Aung San Suu Kyi, a líder oposicionista da Liga Nacional para a Democracia, em prisão domiciliar, onde permanece até hoje.
Ainda em 1988, quando era findo o tempo do General Ne Win, o nome de Than Shwe era um dos três que integravam a linha de sucessão. Lucrando com a rivalidade entre os dois outros candidatos, Than Shwe disparou à frente, utilizando-se, segundo a revista NewInternationalist, de sua arma política mais temida, sua habilidade de entediar todo e qualquer um à submissão. A partir daí, o generalíssimo passaria alguns anos como “braço direito” do General Saw Maung, enquanto o país renascia como Myanmar. Afastado devido a lutas internas, o General Saw Maung deixa, em abril de 1992, o comando da junta e o posto de Primeiro Ministro. A esta altura Than Shwe assume a frente do país, ocupando os dois principais cargos de comando e, cinco anos mais tarde, rebatiza o CERLO como Conselho de Estado para a Paz e o Desenvolvimento.
Nascido em 1933, proveniente de uma família pobre da região de Kyaukse, Than Shwe começou aos 20 anos sua carreira militar, que teve sua maior parte vinculada ao departamento de guerra psicológica. Promovido ao posto de Capitão em 1960, continuou sua escalada após o golpe de 1962, chegando em 1978 a Coronel e, em 1983, a Chefe Militar do Comando da Região Sudoeste.
Ex-jogador de golfe e leitor da revista Time, o generoso general causou a fúria do povo Birmanês em julho de 2006, quando um vídeo de dez minutos do casamento de sua filha, Thandar Shwe, foi parar no site Youtube. Tendo supostamente custado o triplo do orçamento destinado à saúde, a cerimônia foi servida, de acordo com o The Guardian, por Lo Hsing Han, descrito como “um dos chefões do ópio do sudoeste da Ásia, ‘reinventado’ como um homem de negócio de Rangum”.
Diabético e sofrendo de câncer no intestino, o General ordenou, em 2005, a transferência da capital administrativa de Rangum para Pyinmana (rebatizada Naypyidaw) - o que resultou em um desfile de caminhões entulhados de escrivaninhas, cadeiras e funcionários descrentes pelas ruas – e segue, sabe-se lá até quando, no comando do país, aconselhado por assessores, militares, astrólogos e o melhor que o sul da Ásia tem a oferecer.
As desventuras de um incompreendido general à frente de uma polêmica junta militar
O generalíssimo Than Shwe, em trajes oficiais birmaneses.
“Neither snow, nor rain, nor heat, nor gloom of night stays these couriers from the swift completion of their appointed rounds”. É sob a bandeira deste romântico juramento que milhares de carteiros fazem seu trabalho todos os dias. Sujeitos às mais variadas intempéries, eles são responsáveis pela entrega dos milhões de objetos que trafegam diariamente em suas bolsas, fazendo dos correios uma das maiores e mais importantes instituições da atualidade.
Foi ainda sob esse célebre juramento, porém, que um jovem natural de Mandalay, em 1953, abandonou esta respeitável instituição para se juntar a outra que, em 1997, o levaria ao comando do Conselho de Estado para a Paz e o Desenvolvimento, o atual governo do polêmico Myanmar.
O General Than Shwe, de 74 anos, esta à frente de uma junta militar - que sustenta um governo ditatorial no país – e do Tatmadaw, as Forças Armadas Birmanesas. A junta – conhecida por CEPD – é formada por outros dez membros, também oficiais do Tatmadaw.
A junta em si é um caso a parte e tem dado o que falar desde que, no último mês, reprimiu os protestos de monges e civis birmaneses, chegando a ordenar as tropas a abrir fogo contra protestantes.
Em 1962 um golpe militar levou ao poder em Myanmar (naquele tempo, Birmânia) o General Ne Win, que, até 1988 governava o país ditatorial e tranqüilamente. Em agosto daquele ano, mais propriamente no dia 8/8/88, o General, ávido por numerologia, cedendo às pressões populares e numéricas renunciou ao comando do país.
Em 1990 a junta, renomeando-se Conselho de Estado para a Restauração da Lei e da Ordem, realizou eleições parlamentares para se confirmar à frente do pais, eleições essas que levaram a uma esmagadora vitória da oposição. Ignorando descaradamente o resultado, a junta colocou Aung San Suu Kyi, a líder oposicionista da Liga Nacional para a Democracia, em prisão domiciliar, onde permanece até hoje.
Ainda em 1988, quando era findo o tempo do General Ne Win, o nome de Than Shwe era um dos três que integravam a linha de sucessão. Lucrando com a rivalidade entre os dois outros candidatos, Than Shwe disparou à frente, utilizando-se, segundo a revista NewInternationalist, de sua arma política mais temida, sua habilidade de entediar todo e qualquer um à submissão. A partir daí, o generalíssimo passaria alguns anos como “braço direito” do General Saw Maung, enquanto o país renascia como Myanmar. Afastado devido a lutas internas, o General Saw Maung deixa, em abril de 1992, o comando da junta e o posto de Primeiro Ministro. A esta altura Than Shwe assume a frente do país, ocupando os dois principais cargos de comando e, cinco anos mais tarde, rebatiza o CERLO como Conselho de Estado para a Paz e o Desenvolvimento.
Nascido em 1933, proveniente de uma família pobre da região de Kyaukse, Than Shwe começou aos 20 anos sua carreira militar, que teve sua maior parte vinculada ao departamento de guerra psicológica. Promovido ao posto de Capitão em 1960, continuou sua escalada após o golpe de 1962, chegando em 1978 a Coronel e, em 1983, a Chefe Militar do Comando da Região Sudoeste.
Ex-jogador de golfe e leitor da revista Time, o generoso general causou a fúria do povo Birmanês em julho de 2006, quando um vídeo de dez minutos do casamento de sua filha, Thandar Shwe, foi parar no site Youtube. Tendo supostamente custado o triplo do orçamento destinado à saúde, a cerimônia foi servida, de acordo com o The Guardian, por Lo Hsing Han, descrito como “um dos chefões do ópio do sudoeste da Ásia, ‘reinventado’ como um homem de negócio de Rangum”.
Diabético e sofrendo de câncer no intestino, o General ordenou, em 2005, a transferência da capital administrativa de Rangum para Pyinmana (rebatizada Naypyidaw) - o que resultou em um desfile de caminhões entulhados de escrivaninhas, cadeiras e funcionários descrentes pelas ruas – e segue, sabe-se lá até quando, no comando do país, aconselhado por assessores, militares, astrólogos e o melhor que o sul da Ásia tem a oferecer.