14 de janeiro de 2010

O percussionista que veio do frio

Hoje em dia, experimentalismo é o que não falta na música erudita. Enquanto Cláudio Dauelsberg tem seu quinteto que utiliza UM piano de cauda das mais variadas formas, Sofia Gubaidulina escreve sinfonias com solos para o regente e John Cage (sempre ele) compõe uma peça que leva 639 anos para ser tocada (mais sobre isso em breve). Foi nessa onda que tropecei no trabalho de Terje Isungset, musicista norueguês que inovou ao utilizar instrumentos feitos de gelo.

Apaixonado pela natureza, Isungset atua principalmente como percussionista e já gravou ao longo dos anos música interpretada em madeira, pedras e granito. Agora ele parte para o trabalho com o gelo, explorando novas sonoridades percursivas, além de uma curiosa corneta que lembra o som de um berrante.

As peças interpretadas nessse repertório trazem uma sonoridade meditativa, que nos fazem flutuar e seguir o fluxo proposto por Isungset. A atmosfera criada é resultado da combinação dos timbres desses instrumentos que, segundo o próprio compositor, "trazem um som único, quente e bonito". Terje Isungset ressalta também o papel da natureza na criação desse som, quando diz que o gelo criado artificialmente é perfeito, transparente e sem bolhas, mas que resulta em instrumentos mortos, sem sentimento nem sonoridade.


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